CGTP-IN vai intensificar a luta <br>num ano decisivo para resultados

REIVINDICAÇÃO O Plenário Nacional de Sindicatos saudou as muitas acções realizadas e em curso, valorizou os resultados obtidos e apelou à intensificação da luta, sobretudo pelo aumento dos salários.

Negociar não significa aceitar que se fale muito e se faça pouco

O órgão máximo da CGTP-IN entre congressos reuniu-se no dia 12, sexta-feira, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Aqui compareceram cerca de 750 dirigentes sindicais, que debateram as linhas gerais da acção da confederação durante o corrente ano, concretizando as orientações definidas no último congresso.
No início do período de intervenções, de tarde, logo depois de o Secretário-geral da CGTP-IN ter dissertado sobre os principais temas em debate, foi dada a palavra a uma delegação de trabalhadoras da têxtil Triunfo (fábrica da multinacional Triumph, a funcionar em Sacavém desde 1961 e alienada à Gramax há pouco mais de um ano), para falarem sobre a luta em defesa dos postos de trabalho e pela viabilização da empresa.
A solidariedade expressou-se num prolongado aplauso, com centenas de vozes a gritarem «A luta continua». Terminados os trabalhos, muitos dos participantes no plenário deslocaram-se até junto da fábrica, onde desde dia 5 é mantido um piquete de vigilância.
Outro importante momento de solidariedade foi a aprovação de uma moção de apoio à resistência e luta do povo palestiniano e contra o reconhecimento, pelos EUA, da capital de Israel em Jerusalém, bem como de condenação das «agressões, desestabilizações, pressões e ingerências» no Médio Oriente.
Foi igualmente expressiva a reacção espontânea a uma interpelação de Arménio Carlos, que assim deixou de ser apenas figurativa. Ao destacar a importância da revogação das normas gravosas da legislação laboral (especialmente, quanto à caducidade dos contratos colectivos), o Secretário-geral da Intersindical colocou o empenho neste objectivo «ao nível das lutas travadas em tempos contra o “pacote laboral”». Defendeu que a revogação só não ocorrerá se o Governo e o PS não quiserem juntar-se ao PCP, ao BE e ao PEV, porque há uma relação de forças favorável na Assembleia da República. Mal acabou de interrogar «Vamos ou não vamos?» mudar também a relação de forças nos locais de trabalho, um claro «Vamos!» ergueu-se de vários pontos na sala.
 

Tem de ser em 2018

Entrámos num «ano decisivo para, no quadro da actual correlação de forças na AR, garantir a reposição integral de direitos usurpados por décadas de política de direita e pelo governo do PSD/CDS, pelo que a acção e luta reivindicativa, na base, nos locais de trabalho, empresas e serviços é questão nuclear da acção sindical de toda a estrutura, sindicatos, federações, uniões e central».
Esta afirmação, contida na Resolução do Plenário, foi realçada por Arménio Carlos nas declarações aos jornalistas, no final da reunião. «Este é o momento» para concretizar as alterações à legislação laboral, frisou, observando que o Governo remeteu a discussão para a Concertação Social, mas ainda não tomou uma iniciativa. «Ou conseguimos que as coisas sejam resolvidas em 2018, ou corremos o risco de chegar às eleições e a legislação laboral continuar intocável», tal como pretendem as confederações patronais e, no plano partidário, o PSD e o CDS.
Quanto à CGTP-IN, o Secretário-geral reafirmou disponibilidade para negociar, mas não para ser «cúmplice de um processo em que se fala muito e se faz pouco».
Em primeiro lugar na lista de objectivos a alcançar com a intensificação da luta surge na Resolução «o aumento geral dos salários de todos os trabalhadores, em pelo menos 4 por cento, com um acréscimo não inferior a 40 euros, e garantindo que em nenhuma empresa, serviço ou sector sejam aplicados salários inferiores a 600 euros».
O Plenário valorizou o aumento do salário mínimo nacional para 580 euros, a partir de 1 de Janeiro, uma medida que representa «o reconhecimento de que é necessário o aumento dos salários» e que «é, também, indissociável da luta dos trabalhadores». «Mas, comprovadamente, fica aquém da justa e possível reivindicação de 600 euros, por que vamos continuar a lutar nos locais de trabalho, empresas e serviços», afirma-se na Resolução.
A «valorização significativa dos salários» é ainda mais importante quando se considera o aumento de preços «de bens essenciais, designadamente do pão, energia eléctrica, transportes e portagens».

O futuro do trabalho

Na análise da situação nacional, a Resolução do Plenário «releva o contributo dado pela luta dos trabalhadores e do povo nos avanços contra as injustiças e as desigualdades e para a alteração da correlação de forças na Assembleia da República, que regista e valoriza». Mas «considera que é necessário e possível ir mais longe, libertar o País dos efeitos de décadas de política de direita, da subordinação aos interesses do grande capital nacional e transnacional, das imposições da União Europeia e dos constrangimentos do euro, do Tratado Orçamental, do Pacto de Estabilidade e Crescimento e outros mecanismos de subordinação da União Europeia que impedem o desenvolvimento soberano de Portugal».
No momento actual, «é necessário dar prioridade ao desenvolvimento económico e social do País, colocar os direitos dos trabalhadores e do povo acima da obsessão pela redução do défice e do pagamento de uma dívida que é insustentável», e «avançar com uma política de esquerda e soberana, que reparta de forma justa o rendimento nacional, que abandone a política de baixos salários e promova o aumento geral dos salários, que combata eficazmente a precariedade e invista na melhoria da qualidade dos serviços públicos».
Para a CGTP-IN, «estes objectivos políticos são tanto mais importantes quando, com as alterações tecnológicas, o capital pretende potenciar os avanços científicos para acumular mais riqueza, aprofundar a exploração da força do trabalho e acentuar as desigualdades entre os povos e países». Em vez de se discutir «se irão ou não existir alterações no mundo do trabalho, em consequência da inovação e novas tecnologias», a Inter realça que «a questão está na forma como estas serão introduzidas e ao serviço de quem estão e irão ser colocadas».
«A discussão do futuro do trabalho e dos impactos das novas tecnologias passa, necessariamente, por colocá-las ao serviço dos trabalhadores, dos povos, do progresso social e do desenvolvimento dos países», afirma-se na Resolução.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Despedimento na refinaria <br>leva trabalhadores a Lisboa

Os trabalhadores do consórcio de manutenção da refinaria de Sines da Petrogal vão concentrar-se, dia 26 de Janeiro, junto à sede da Galp, em Lisboa, para pedir a salvaguarda dos seus empregos.Estes trabalhadores estão há mais de 20 anos com...

Justiça em luta

Amanhã, 19, às 14h30, os trabalhadores dos serviços do Ministério da Justiça (MJ) vão concentrar-se no Terreiro do Paço, em Lisboa. Com esta acção, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas...

Nada no OE impede aumentos salariais

«Nada no Orçamento do Estado para 2018 impede que os trabalhadores vejam valorizados os seus salários», salientou a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, quando levantou a reivindicação de...

Fesete insiste no fim dos salários baixos

«Num contexto de crescimento recorde das exportações», é «da mais elementar justiça pôr fim às políticas continuadas de baixos salários, responsáveis pelo aumento acelerado das desigualdades entre o capital e o trabalho», defende a...